Em conflito, Índia e Paquistão são potências nucleares, mas chance de uso no conflito atual é baixa, dizem especialistas
07/05/2025
(Foto: Reprodução) Dados são da Federação de Cientistas Americanos, e mostram que a Índia e o Paquistão têm, respectivamente, o 6º e o 7º maiores arsenais do mundo. Por que a Índia atacou o Paquistão?
A Índia e o Paquistão possuem, respectivamente, o 6º e o 7º maiores arsenais nucleares do mundo, segundo a Federação de Cientistas Americanos (FAS).
Nesta quarta-feira (7), um ataque do Paquistão na região da Caxemira controlada pela Índia deixou mortos e feridos. Os dois países já travaram três guerras por causa da região, que é disputada por ambos desde independência do Reino Unido, em 1947.
Atualmente, nove países no mundo detêm armas nucleares. O arsenal global soma 12.331 ogivas. Índia e Paquistão respondem por 350 delas, divididas quase igualmente:
Índia: 180 ogivas
Paquistão: 170 ogivas
Arsenal nuclear da Índia e do Paquistão
g1/FAS
O arsenal nuclear da Índia e do Paquistão é pequeno quando comparado aos dos Estados Unidos e da Rússia, que têm os maiores estoques do mundo. A Rússia e EUA possuem, respectivamente, 5.449 e 5.277 ogivas nucleares cada um, o equivalente a 84% das existentes.
Além diss, em ambos os casos, todas as ogivas são classificadas como “em reserva/não implantadas”. Isso significa que elas precisam de algum nível de preparação para serem utilizadas, como serem colocadas em lançadores, cenário diferente de EUA e Rússia, por exemplo (veja no infográfico abaixo).
Mundo tem 12.331 ogivas nucleares
g1/FAS
Chance de escalada nuclear é baixa, dizem especialistas
Michelly Geraldo, especialista em política nuclear, diz que mesmo com a escalada na tensão entre os dois países, a probabilidade de uso de armas nucleares no atual cenário é considerada baixa.
"Ambos os países ainda operam sob uma lógica de dissuasão nuclear mútua. [...] obviamente que, se continuarem retaliando a cada novo ataque, estaremos em ciclo de escalada bastante perigoso e difícil de sair, fazendo com que cheguemos mais perto de um limiar nuclear. E o uso das armas nucleares, mesmo que táticas [de curto alcance], no subcontinente extremamente populoso como esse da Ásia Meridional, traria consequências devastadoras."
A avaliação é semelhante a de Vitelio Brustolin, professor de Relações Internacionais da Universidade Federal Fluminense (UFF) e pesquisador de Harvard.
"Até este momento, é improvável o uso de armas nucleareráveis, inclusive por consequências do aquecimento global."
Tensão entre os dois países motiva programas nucleares
O programa nuclear paquistanês está diretamente relacionado aos conflitos históricos com a Índia. Para evitar ataques convencionais rápidos em seu território, o país desenvolveu, por exemplo, armas nucleares de curto alcance.
O mesmo ocorre do lado indiano. Um dos principais fatores que sustentam a doutrina nuclear da Índia é a tensão com o Paquistão. A estratégia indiana é chamada de “First No Use” (não usar primeiro, em tradução livre) e estabelece que o país não será o primeiro a recorrer a armas nucleares em um eventual conflito, mas responderá caso seja atacado.